terça-feira, 6 de janeiro de 2015

32 #Vendedor

Hoje em dia, a figura do VENDEDOR DE SAPATOS é dividida pela comodidade de se comprar pela internet. As pessoas preferem escolher e decidir com um "click". Eu sou daqueles que gosta de ir até a loja, ver a vitrine, escolher, calçar e de dar umas voltas antes de passar o cartão. E foi exatamente pensando assim, que decidi procurar um bico em alguma sapataria. A Casa de Calçados José Garcia, foi a primeira que entrei e que logo me contratou. O dono, um espanhol pequeno e bravo, foi logo me apresentando a casa e como deveria vender. Meus primeiros clientes chegaram todos juntos. Uma família de cinco pessoas, ou melhor, dez pés que eu tinha que calçar. Ah! Uma família de geeks (são aqueles que cultuam tecnologia, jogos eletrônicos, histórias em quadrinhos etc)As crianças queriam os chinelos da Turma da Mônica. O pai, queria os do Wally (aquele personagem de blusa e gorro listrados que todo mundo tentar procurar.) e a mãe, os do iron-man (aquele trilionário que veste um cofre de ferro). Achou estranho? Relaxa, pois os geeks são mesmo excêntricos. Eu nem posso falar muito, pois também cultuo alguns personagens dos quadrinhos e do cinema. Enfim, tudo ia muito bem, até eu trazer os chinelos da mãe. Era de se notar que ela era obesa, então, eu quis sugerir um chinelo que fosse confortável. Os do Iron-man eram muito finos, e certamente isso iria sobrecarregar os joelhos dela (lembrei das aulas de anatomia!). E aí tomei a liberdade de sugerir os do Hulk (aquele que quando está maduro e tranquilo, volta a ser verde e irritado.). Ela perguntou a razão da troca. Eu disse que eram mais confortáveis. E ela retrucou com um grito: "Você está me chamando de gorda?". A loja parou. Todo mundo passou a se concentrar em mim e na devota do Iron-man. Eu ainda disse que não, pelo contrário, minha sugestão foi para garantir conforto a ela. E ela disse que iria me processar por preconceito e que iria dizer a todos que a Casa de Calçados José Garcia era um antro do desrespeito aos clientes. Não demorou muito para o pequeno dono aparecer e com um gesto de toureiro, me colocar para fora da loja. As pessoas ficam tão na defensiva que interpretam tudo como preconceito. Pô, vamos devagar aí, hein! Viva o papel do vendedor de calçados! #UmBicoPorDia      

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