terça-feira, 27 de janeiro de 2015

53 #Radialista

Eu tive uma fase em que era bem tímido. Quando a gozação virava para mim, eu me enrolava todo, ficava vermelho e acabava me irritando e não levando na esportiva. Mas o tempo foi passando, eu fiz teatro e comecei a me soltar. Acho que foi próprio do meu desenvolvimento mesmo. Enfim, hoje não só gosto de falar, como de imitar as pessoas. E quando pego alguém para imitar, é de "cabo a rabo", ou seja, imito o jeito dela andar, se comportar e é claro, de falar. Por conta dessa facilidade, passei a criar vozes e até começar a pensar em um dia, ser dublador. E foi exatamente por eu ter esse "Lado B", que meus amigos radialistas, Cesar Oliveira e Edu Thomaz, da Rádio Pirapora, resolveram me chamar para ser RADIALISTA substituto. A ideia dos dois, seria que eu substituísse um colega que havia entrado em licença paternidade (aquela que dá aos pais apenas cinco dias corridos para ficar com a mulher e o filho, que acabou de nascer. Aff!). Eu teria que me habituar com o protocolo de trabalho, microfone, botões, atender os ouvintes e tocar as músicas. Mas meus dois amigos, logo me prepararam para minha estreia. Eu confesso que estava um pouco nervoso com aquilo tudo. Aquele frio na barriga clássico, sabem? Tudo preparado. Eu já estava com fones e com o microfone ajustado. A música de introdução do programa começou. A deixa era que quando ela terminasse, eu deveria saudar os ouvintes e me apresentar. A música terminou e eu travei. O Oliveira e o Thomaz, que estavam do meu lado, faziam gestos de "vai", "fala", "estamos no ar". E cinco segundos depois, que para mim parecia uma eternidade, eu disse: "Alô, ouvintes da Rádio Pirapora! Aqui quem fala é o Luccas Longo....". A expressão de alívio dos dois era nítida. A coisa estava indo tão bem, que os dois até saíram para tomar um café. E eu estava gostando muito daquilo. Ai chegou o momento de atender os ouvintes. "Bom dia, com quem eu falo?". Era uma senhora querendo reclamar do marido. A galera já havia me avisado que esse tipo de conversa deveria ser cortada. E para mostrar o meu "jogo de cintura", decido alongar um pouco mais a conversa. "Mas qual seria a reclamação, minha senhora?". E ela disse: "Esse homem não está dando mais no couro!". E foi só ela dizer isso, para eu olhar para o vidro que separa o estúdio de gravação do restante da sala, e ver o produtor, o diretor e meus dois amigos fazendo um gesto apavorado de "CORTA!". Eu já ia mesmo encerrar a conversa, mas antes decidi fazer uma observação. "Mas minha senhora, nessas horas você não pode se desesperar. O seu marido deve ser um homem de bem, que trabalha muito, que faz o possível e o impossível para garantir o bem estar de sua família". "Ele deve só estar passando por um perío.. !". Ela nem esperou que eu terminasse e gritando no telefone, disse: "Homem de bem? Trabalha muito? Bem estar? O meu marido não sai do bar, vive se enroscando com as vizinhas, volta tarde todas as noites e quando chega o final de semana, dorme!". "E tem mais, viu!. "Se você o está protegendo, que vá pra p.......!". Mas como tem ouvinte mal educado, hein! Onde já se viu? O Oliveira e o Thomaz agradeceram a minha participação e ainda foram amigos ao sugerir que eu saísse da rádio, pelos fundos. Bem , achei melhor mesmo! E viva o papel do radialista! #UmBicoPorDia

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