terça-feira, 13 de janeiro de 2015

39 #Jardineiro II


Duas coisas me deixam felizes nessa jornada pelo emprego: a primeira é poder "levantar a bola" das profissões esquecidas e a segunda, é que mesmo que as coisas não tenham saído como combinado durante os bicos, percebo que estou  fazendo amigos ao longo desse caminho. Dois exemplos foram o Zé da Grama (bico #36) e a Dona Jatobá, da Floricultura Bem Me Quer (bico #29), que tiveram a sensibilidade de perceber que o meu esforço e o meu conhecimento botânico mereciam uma segunda chance. Não, não foi na floricultura, mas como JARDINEIRO de um grande condomínio de um bairro nobre da cidade. Meu primeiro serviço foi no apartamento do Sr. Benedito, um milionário aposentado, mas que se dedica atualmente a cuidar de sua grande floreira de gerânios (vejam na foto) que tem em sua sacada. Embora essas plantas sejam nativas do continente africano, enfeitam hoje muitos países europeus e americanos, como o Brasil, onde se adaptou muito bem ao nosso clima. São muito comuns para enfeitar jardins e principalmente as janela quando são plantadas em floreiras. O Sr Benedito queria que eu descobrisse a razão de suas plantas estarem morrendo e que eu as trata-se também, pois além de alegrarem o seu ambiente, ele utiliza as folhas da planta para fazer um chá. Mas chá,  eu disse a ele. Segundo ele, Horácio, um poeta romano, tomava para aumentar sua capacidade de aprendizagem. Todo dia o Sr Benedito toma uma xícara de chá, pois assim ele pode acompanhar as ações de sua empresa e administrá-la de casa. Bem, lá fui eu dar uma olhada nessas plantas de QI alto. Logo quando cheguei vi que as plantas estavam com as folhas murchas e o solo bem ressecado e empobrecido. A estratégia seria enriquecer e hidratar mais o solo para ver se as plantas dariam um sinal de vida mais intenso. Adubei o solo e quando fui hidratá-lo, notei que não havia torneira na sacada. Como é que um condomínio não tem torneira na sacada? Mas a empregada do Sr Benedito, muito bem precavida,  já sabendo que eu iria precisar de água, deixou vários garrafões cheios na sacada. Sabem aqueles garrafões grandes de vinho? Então, foram esses os que me deram suporte com a água. Despejei um, dois e três, mas ainda faltava colocar mais água. Aí eu olho para a sala de estar, e vejo um garrafão igual, próximo do bar. Não pensei duas vezes, fui até lá, peguei o garrafão e o despejei todo na floreira. Se eu estivesse certo, em poucos dias, os gerânios iriam dar uma resposta. Enquanto isso não acontecia, eu fui ver outro apartamento. Nesse os proprietários gostariam de fazer um gramado na sacada. Loucura, não? Estava lá conversando com os donos quando o interfone toca. Era o síndico pedindo com urgência, a minha presença no apartamento do Sr Benedito. Cheguei lá e todos, mas todos os gerânios estavam murchos. O Seu Benedito estava passando até mal por isso. Eu nem sabia o que dizer. Eu até pensei em um fungo mutante, radiação, gases tóxicos, mas a dúvida continuava. Contei a eles todos os meus passos. Mas quando eu comentei que usei o garrafão perto do bar, o Seu Benedito  quase teve um troço. A empregada o acudiu, e eu peguei o tal garrafão para ver se não conseguia descobrir algo. E descobri. Descobri que eu tinha regado os gerânios com  a cachaça. Como a cachaça estava em um garrafão igual aos da água....não teve jeito, matei os gerânios do Sr Benedito de cirrose. Embora eu não tivesse culpa, eles acharam melhor que eu fosse cuidar dos capins da rua. Diante da falta de plantas, bem que o Sr Benedito poderia ter aceitado a minha sugestão de passar a fazer cruzadinhas, mas...Viva o papel do jardineiro! #UmBicoPorDia   

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