domingo, 25 de janeiro de 2015

51 #Músico

Foram dois os cursos em que eu peguei para fazer sério: violão e pintura. Embora eu já desenhasse e soubesse utilizar alguns materiais artísticos, o curso de pintura, feito com um professor "ninja", nesse quesito, foi essencial para o meu desenvolvimento como artista. Entretanto, o de violão, não foi nada similar. E olhe que em casa eu sempre tive uma boa referência, o meu pai. Mas por mais que eu me esforçasse, não fui muito longe. Eu tenho ouvidos, mas não tenho a habilidade de tirar música só por escutar. Claro que sai alguma coisa, mas se eu não tiver a letra cifrada e não estudar por uns três ou quatro dias, não consigo apresentar nada que se preze. Daí pensei o seguinte: se tem tanta gente que toca e canta ruim, pelos bares e restaurantes e ainda ganha para fazer isso, por que não me juntar a eles? Eu tive muita sorte, do Boteco do João estar precisando de um MÚSICO para animar as noites de domingo. Como não sugeriram nenhum repertório, eu fui logo montando o meu. Nele tinha, "Chalana", "Cabecinha no Ombro", "A Praça" e "Índia". Mas por que essas músicas? Pois são as únicas que sei tocar "bem". A estratégia era tocá-las bem devagarinho para assim preencher a noite toda. Cheguei cedo no boteco. Vi onde eu iria ficar, afinei o violão e conheci os garçons. Estava tudo certo para começar. Os clientes começaram a chegar e em pouco tempo o salão estava cheio. Eu já deveria ter começado a tocar, mas sabe como são as coisas, não é mesmo? Já fazia muito tempo que eu não tocava nada. Então, eu precisava de um aquecimento. Os clientes já estavam fazendo aquela cara de desaprovação, quando o dono do boteco, o João, disse para eu começar logo, pois tinha cliente querendo ir embora. Sendo assim, comecei a tocar . Eu já estava tão empolgado, que dedilhava e cantava com os olhos fechados. Quando terminei, abri lentamente os olhos e vi que as pessoas estavam me olhando com uma cara de indigestão. Não pensei duas vezes, fui para a próxima, depois para outra....e quando chegou a hora do intervalo, o dono veio me perguntar se estava tudo bem comigo. Eu disse que sim e perguntei a razão. Ele comentou que os clientes estavam achando a apresentação péssima. Na volta do intervalo, toquei duas seguidas e ao terminar, notei que as pessoas estavam indo embora. Não deu outra, peguei o microfone e disse: "Ei pessoal! Se vocês ficarem, eu tento tocar "Eu Quero Ver o Oco!". Não adiantou. "Mas e Robocop Gay?", eu disse. Preciso falar que não adiantou nada? Mas foi bom para me mostrar qual é o caminho. E viva o papel do músico! #UmBicoPorDia             

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